Biografias
HENRIQUE SPENGLER: Caçula dos quatro filhos de Roberto e Glória de Melo Spengler, cursou os primeiros anos no Colégio dom Bosco de campo grande/MS, e já naquela época demonstrava talento para as artes plásticas. Maria Guilhermina, sua tia Didi que reside em Coxim/MS, rememora com satisfação a personalidade do sobrinho que, desde pequeno, manifestava interesse pelo belo, vocação que se confirmaria em outros períodos de sua vida, por exemplo, quando deixou a faculdade de medicina para se dedicar às artes plásticas.Segundo a crítica de arte Maria da Glória Sá Rosa, no livro “Artes Plásticas em Mato Grosso do Sul”, Spengler ao pesquisar a abstração dos padrões de desenho de couros, cerâmicas e tatuagem dos Kadiwéu, absorveu a essência das etnias regionais, projetando-a de maneira singular na linguagem das linhas e da forma. As composições, designadas por ele como abstracionismo nativista, tem a perfeição visual dos Mbayá-Guaicuru, grupo étnico ancestral dos Kadiwéu, donos de estética e abstração próprias que lhe serviram como fonte de inspiração. Utilizava diferentes técnicas e materiais nos desenhos gravuras e pinturas, com perfeição geométrica e contraste de cores em figuras que se assemelham a elementos da geometria grega.Movimento Guaicuru“Mato Grosso do Sul é o nosso Estado de direito, mas Guaicuru é o Estado de Espírito”, afirmava Spengler. O Movimento Cultural Guaicuru surgiu encabeçado por ele, que, ao lado de artistas, intelectuais e pesquisadores como Jonir Figueiredo, Luiz Antônio Torraca, Ilca Galvão, Adilson Schieffer, Luiz Xavier, Darwin Longo e outros, voltou-se às questões da identidade cultural sul-mato-grossense a partir da implantação do Estado em 1979, interesse esse que deu origem à Unidade Guaicuru de Cultura. Spengler esteve sempre ciente de que nas comunidades nativas repousou a gênese de nosso processo histórico.O Movimento ativa participação, desde sua criação em 1981, no quadro cultural do Estado, promovendo fóruns e manifestos e estimulando discussões, ao mesmo tempo em que extrapola o conceito de movimento nativista. Como organização não governamental, participou da elaboração do relatório que o Brasil apresentou no grande encontro RIO 92 e encaminhou ao Presidente da Assembleia Legislativa, e, 1996, um pedido de elaboração de projetode lei para oficializar o termo “guaicuru” como epônimo do gentílico “sul-mato-grossense”. Atualmente, o termo engloba toda a diversificada produção artístico-cultural do Estado. Em 1997, a Unidade Guaicuru de Cultura e Meio Ambiente, com núcleos nos municípios de Dourados e Coxim.Spengler e Paulo Carvalho ao representarem o Movimento Cultural Guaicuru no RIO 92, preocupados com questões ambientais envolvendo o Pantanal, levantaram a bandeira da preservação do rio Taquari, com o slogan “Nosso Rio, Nosso Maior Orgulho”. Surgiu ali a Unidade Guaicuru de Coxim, como um braço ambiental do Movimento. O voo de um guerreiroA primeira exposição individual de Henrique Spengler foi no Rádio Clube Cidade, organizada por Suela Guerra, onde expôs guache e aquarelas. Com bom discurso e grande capacidade para agregar pessoas, suas propostas conceituais foram se ampliando e envolvendo artistas com as marcas Kadiwéu. O movimento incentivou a pesquisa sobre a cultura dos Guaicuru, tidos como um dos mais originais nativos brasileiros. Spengler não somente dedicou sua atenção ao legado da etnia Guaicuru, em defesa da iconografia nativa e da identidade cultural sul-mato-grossense, mas demonstrou em toda a sua vida uma intensa conexão com a cultura indígena, embora não tivesse com ela vínculos sanguíneos, o que não privou de mentores indígenas. Enquanto seu corpo era velado, no dia 21 de março de 2003, aos 45 anos de idade, seus amigos Wagner Rondon, Jonir Figueiredo e Paulo Carvalho recebiam inspirações e acabaram por criar o espetáculo “O Voo do Guerreiro Guaicuru”, com o texto poético de Wagner Rondon.Em 2004, o cineasta Alexandre Basso realizou o documentário “Guerreiro de Paz”, homenageando o artista e inspirador.O acervo de bens materiais de Spengler encontra-se reunido em Coxim, no Memorial Henrique Spengler, sob a responsabilidade da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
(Fonte: Vozes das Artes Plásticas / Texto: Marilia de Castro)
ADILSON SCHIEFFER: Ele relaciona seu sucesso profissional à educação que teve quando criança, pois cresceu “em um ambiente muito legal que favorecia a criatividade”. Ele conta que gostava de ficar ao lado do pai, piloto de avião e mecânico, enquanto consertava peças em sua oficina, na cidade com pouco mais de 15 mil habitantes. São Manoel, interior de São Paulo. Ali tinha total liberdade para mexer em tudo e até para construir bonecos e carrinhos a partir de motores e rolamentos. “De um jeito lúdico descobri uma maneira diferente de ver a vida, que hoje imprimo no meu trabalho. Sou bastante versátil na forma como lido com os materiais e estou sempre renovando minha plasticidade”, revela.Igualmente positiva foi à influência da mãe, bordadeira Dona Shirley, hoje com 85 anos, que o deixava fazer os desenhos a serem passados para o tecido, em papel-carbono. Assim, desde pequeno, ele adquiriu firmeza e domínio no traço, habilidades fundamentais para um pintor. Sobre seus primeiros contatos com a arte, Schieffer conta histórias divertidas: “Quando eu tinha quatro anos de idade, meus pais me surpreenderam com uma lata de tinta fresca e um pincel na mão, pintando os gatinhos de uma ninhada no quintal”Contando com o apoio da Família, Schieffer sempre se sentiu naturalmente inclinado às artes e lutou contra o estereótipo, em sua opinião equivocada, de que o reconhecimento do trabalho dos artistas geralmente acontece postumamente. “Na adolescência, eu já ganhava meu dinheiro vendendo desenhos para os colegas e fazendo cartazes em datas comemorativas. Depois trabalhei fazendo outdoors para o cinema da cidade.”Quando conheceu a serigrafia, em 1975, montou uma pequena firma onde criava seus próprios desenhos, aplicando em camisetas. “Nas férias, eu viajava para a praia com os amigos e vendia toda a produção.” Foi assim que pagou o curso noturno na Faculdade de Arte-Educação em Avaré/SP, para onde viajava de ônibus todos os finais de tarde e retornava depois da meia-noite por ser o curso superior mais próximo do município. Apesar das oportunidades que surgiram ̶ele chegou a atuar área de propaganda durante a campanha de um político local ̶o espírito aventureiro e a “paixão por uma menina de Campo Grande” fizeram com que deixasse aquela região em busca de uma nova vida.Como tantos imigrantes que se mudaram para Mato Grosso do Sul trazendo diferentes vivências e influências culturais, Adilson Schieffer desembarcou em Campo Grande em dezembro de 1982. “Quando Cheguei, a primeira coisa que fiz foi me matricular no curso de Educação Artística da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Fiz parte da primeira turma”, recorda. Foi também nessa época, durante um passeio à Casa do Artesão, que teve o primeiro contato com o que chama de “o maior tesouro minha vida”:a iconografia dos índios Kadiwéu. Fascinado pelas cores, padronagens e símbolos, imediatamente começou a ler tudo o que encontrava sobre o assunto.Assim nasceu a inspiração para as primeiras gravuras, ao mesmo tempo em que passou a ter contato com pessoas que teriam grande influência em sua carreira. Um deles foi o artista plástico Henrique Spengler. “A gente se conheceu por acaso, tomando café em um bar. Ele também estava cheio de ideias, pois acaba de chegar de São Paulo, onde havia concluído Educação Artística na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP)”, lembra.
(Fonte: Vozes das Artes Plásticas / Texto: Maria José Surita P. de Almeida)
CLEIR ÁVILA: Cleir Ávila Ferreira Júnior, nasceu em 8 de dezembro de 1963, natural de Campo Grande – Mato Grosso do Sul, autodidata, pinta profissionalmente desde os 18 anos, iniciou com influência hiper realista, onde ele retrata em suas obras temas regionais e ecológicos, principalmente a natureza pantaneira, presente em quase toda sua arte.Nos 20 anos seguintes, o sul-mato-grossense teve várias idas para outras cidades e retornos para Campo Grande. Em 1976, ficou um ano em Niterói. Depois de dois anos voltou à Capital. A “virada” de Cleir foi em 1994, quando foi convocado pela Fundação de Cultura de MS para pintar painéis grandes nas laterais de prédios da Capital. O artista fez então o primeiro trabalho desse tipo. Em 1994, inicia seu trabalho mural nas laterais dos prédios de Campo Grande. Atualmente (2021) trabalha em obras de grande porte em Apucarana, Paraná.
(Fonte: http://laurizetearte.pbworks.com/w/page/54118859/Cleir_Andressa%20e%20Jessica)
ISAAC DE OLIVEIRA: Isaac de Oliveira nasceu em Ilhéus, na Bahia em 1953 e é um dos talentos mais representativos das artes plásticas do Centro-Oeste brasileiro pois se revela um verdadeiro maestro que fez do pincel instrumento para reger sinfonias de cores e expressá-las em telas, com movimentos e ritmos singulares. Começou a desenhar com 4 anos e seus traços mostravam as ondas do mar. Veio pequeno para São Paulo onde estudou desenho e pintura, depois foi para Campinas. Conheceu vários artistas e várias correntes criativas. Isaac descobriu os grandes murais, as técnicas do óleo, da tapeçaria pintada e trabalhou também como ilustrador em agências de publicidade. Paralelo a tudo isso participou de exposições coletivas com Volpi, Emmanuel Araújo e Manoel Victor Filho. Mas a carreira artística de Isaac estruturou-se definitivamente com a ida para Campo Grande – MS. Casou-se com a arquiteta Selma Rodrigues com quem divide a paixão pela arte. Ele retrata como ninguém a exuberância da natureza com suas cores vibrantes e linhas em movimento. Seu estilo é inconfundível. Segundo Isaac, há algum tempo atrás, suas telas traziam figuras bastante detalhadas, e o espaço que sobrava ao fundo (que era pequeno) era preenchido por movimentos coloridos. Movimentos que cresceram em suas telas e hoje ocupam parte muito importante, como uma marca registrada. Ele retrata onças e peixes do pantanal, pássaros e flores do cerrado que ultrapassaram fronteiras e ganharam o mundo nas telas do artista. Esse universo pode ser visto em tons que preenchem mais do que os olhos do espectador, inundam a alma e encantam todos os sentidos.
(Fonte: http://isaacdeoliveira.com.br)
HERON ZANATA: “Os ‘quadros/quadrinhos’ como Heron Zanatta, uma das referências das artes visuais no Estado, costumava chamar suas obras, começaram a surgir em 1985 por sua paixão pelo cinema. Sendo um dos artistas sul-mato-grossenses do movimento contemporâneo, cuja pesquisa avançada de computação gráfica se traduz em suportes tanto em papel quanto em tela, deixou seu legado para a Cultura de Mato Grosso do Sul”, menciona a publicação. Zanatta também foi servidor público da TVE Cultura MS e segundo as palavras da crítica de arte Maria Adélia Menegazzo, que destaca as diferentes características das obras do artista: “Heron Zanatta introduz uma variação, onde desenho e pintura são complementares. Em alguns trabalhos, podemos observar o ponto de partida no storyboard, um quase-quadrinho, onde o desenho fica livre de acabamento, é fragmentado em “takes” coloridos, indica movimentos e traduz uma narrativa. Mas qual narrativa? Na verdade, não importa o sentido, mas o percurso traçado como um quebra-cabeça. Isolados, novos planos se impõem, com um único elemento (ou parte dele) ocupando toda a tela.”
(Fonte: https://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/artista-plastico-heron-zanatta-morre-apos-parada-cardiaca)
JONIR FIGUEIREDO: Natural de Corumbá-MS é bacharel em educação artística pela faculdade Unidas de Marília-SP. Tem uma trajetória na arte há 40 anos. Sua temática está sempre calcada na iconografia pantaneira, usando diversas técnicas sendo premiado em diversos salões de arte em Mato Grosso do Sul e pelo Brasil. Expôs seus trabalhos em vários estados brasileiros e mundo afora, como no Mercosul, Japão, em cinco cidades da União Soviética, Europa e na ONU em Nova York. O artista está sempre em constante atividade, é citado em vários livros sobre arte e cultura do Estado e do centro-oeste. É técnico especializado em artes e cultura com inúmeros cursos, sendo a maioria de extensão universitária. Sua primeira obra de arte foi feita aos 19 anos, mas desde que nasceu considera-se um artista. Estudou na escola Dona Arsênia, Círculo Operário e Santa Teresa em Corumbá/MS. Desde criança já tinha vocação para as artes. O artista autodidata é pintor, desenhista, gravador, performer cultural e arte educador, e diz ser a intuição sua principal aliada na composição de suas obras.
(Fonte: https://www.graficapex.com.br/pexart-ver/jonir-figueiredo/21)
MISKA THOMÉ: nasceu Emilcy Thomé Gomes na cidade de Campo Grande. A ligação com a cidade e suas origens vem de família, Miska é neta de Manoel Secco Thomé que, junto com o irmão, fundou a Thomé e Irmão Ltda. Muitos prédios históricos de Campo Grande foram construídos pela dupla e levam o sobrenome da família no alicerce. Os Thomé chegaram no Mato Grosso na década de 1912 no período da implantação da antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB) e ajudaram a erguer as primeiras construções em Campo Grande: os Correios, o Hotel Americano, o canal da Maracaju, a Vila São Thomé, o edifício São Thomé, o Colégio Dom Bosco, o Colégio das Irmãs, o relógio da 14 e o Obelisco, entre várias outras obras. Sobre o legado da família em sua formação, Miska comentou: “Sou uma mistura de culturas diferentes, espanhol por parte de pai, portugueses por parte família da mãe, tudo isso gerou esse caldeirão, essa mistura. Agora estou resgatando a casa do meu avô para manter a memória da nossa história na cidade.” A artista visual trabalhou por 10 anos na Fundação de Cultura do estado e por mais 20 anos na TV Educativa onde teve papel fundamental no processo de fortalecimento da TV pública no estado. Na TVE Cultura, Miska participou de várias atrações culturais como apresentadora e produtora. Foi idealizadora do programa “Som do Mato” que levou inúmeros artistas da terra em apresentações históricas. Sobre a nova vida com a família e os netos, Miska contou: “A prioridade agora tem sido a família, cuidar da minha mãe, dos meus netos, retribuir o carinho que eles sempre tiveram comigo. Continuo com meu ateliê, dou aula ainda. Não consigo ficar parada mas agora meu tempo é com eles.” Miska continua experimentando dentro das artes plásticas com colagens e mandalas por encomenda, trabalho que você pode encontrar ou mesmo encomendar online pela página Mandalas e Artes de Miska Thomé no facebook. Miska Thomé é também cantora grupo Trovadores do Tempo que completa em 2018 20 anos de existência com o show “20 Anos em Trovas” no Teatro do Sesc Horto nos próximos dias 22 e 23 de novembro. A paixão pela música e pelo teatro fez nascer em 1998, em Campo Grande, o grupo vocal Trovadores do Tempo, inspirado nos trovadores do século XI. Sobre o começo do grupo, Miska contou: “O Silvio Batistela e a Luciana Fisher começaram a ideia de fazer um grupo à capella, foi quando o grupo nasceu em 1998. Ficamos nessa formação com o Silvio, a Luciana, eu e o Rodrigo Bueno até 2006.” No decorrer dos 20 anos de trabalho, o grupo teve como ponto de partida a música à capella (sem acompanhamento instrumental), montou dois grandes espetáculos cênicos com esta proposta: o primeiro, “Uma Viagem Através da Música”, que foi apresentado em Mato Grosso do Sul e no Rio de Janeiro. E o segundo, “Uma Viagem pelo Trem do Pantanal”, com repertório regional, e que culminou com a gravação de um CD. “Com essa ideia da viagem através da música, fizemos do canto gregoriano ao samba, já cantamos em inglês, espanhol, italiano e até alemão.”, conta Miska.
(Fonte: http://www.portaldaeducativa.ms.gov.br/miska-thome-na-cadeira-do-dj-sobre-os-trovadores-do-tempo/)
MARY SLESSOR: Mary Slessor de Andrade. Nasceu em Dourados, MS (1946), onde reside. Recebeu as primeiras noções de arte com Ivone Etrusco Junqueira, na Fundação Mineira de Arte (Belo Horizonte, 1969). Participou do I, II e III Salão Jovem Arte Matogrossense (Fundação Cultural de Mato Grosso, 1976/77/78.obtendo premiações), I Semana de Arte (Dourados, MS, 1978) e das coletivas “Jovens Pintores Mato-grossenses” (1977) e “Arte Mato-grossense” (1978), ambas no MACP da UFMT. (Aline Figueiredo, Artes Plásticas no Centro-oeste, editora UFMT, 1979)Ela vem do Mato Grosso do sul, onde foi criada na missão evangélica junto aos índios Kaiowás, na região de Dourados. Médica fisioterapeuta, divide seu tempo com a pintura. Mas não é primitiva de apartamento. Muito simples, filha de pais missionários, acostuma-se desde a infância a ver e curtir os índios da missão. Registrou-se na memória e na sua pequena câmera fotográfica desde há muito tempo. Ao pintar, transmite-se essa experiência. São figuras ou grupos principalmente posando para o retrato ou no trabalho ou cerimoniais. Conseguiu um bom desenvolvimento técnico para o seu repertório, destacando-se a luz que consegue filtrar na paisagem, revelando na fragilidade dos seus índios aculturados numa comovente nostalgia. (Humberto Espíndola, julho de 1980)